Falta irracionalidade no futebol!

Como palmeirense quero manifestar minha frustração com a derrota do Palmeiras para o Goiás na Copa Sulamericana. Meu garoto Augusto, de 7 anos estava ao meu lado e ficou em desespero com o gol adversário no final do jogo e começou a falar “ai não, ai não”. Era tarde. Faltava pouco para acabar e o técnico, Luis Felipe Scolari havia feito uma substituição questionável. Era meu sentimento naquele instante. entretanto, filho feio não tem pai e a responsabilidade pela derrota é de fato generalizada. Menos, obviamente, de nós torcedores, que mais do que suarmos a camisa, damos nossa juventude e paixão para quem jamais irá nos retribuir. Não cabe aqui discutir a paixão.
Meu filho Augusto tem pressa. Tem o timing de uma criança que quer orgulhosamente olhar para o amiguinho de qualquer outro time e dizer “lalara lalala, somos campeõõões” repetidas vezes. O que ele teve aquela noite foi uma dorzinha no peito inexplicável pela derrota do seu time. Ele ainda não sabe que existirão outros campeonatos. Para ele o mundo é mais simples. É ganhar ou perder.
Acho que a raiz do problema chama-se envolvimento, com um toque de comprometimento, aquilo que antigamente chamava-se “vestir a camisa”. Hoje vestir a camisa tem um significado puramente mercadológico. O preço que estes caras cobram para não jogar é fabuloso! Em resumo: Torcemos à moda antiga e eles jogam à moda contemporânea.
O Palmeiras foi o time que mais investiu em jogadores, mais gastou, mais torrou o patrimônio do clube neste ano de 2010 e viu-se que não é dinheiro que ganha jogo. É jogo jogado!
Infelizmente, meus caros palestrinos, de todos estes craques que vimos nesta temporada nenhum mereceria sequer uma medalha, quiçá um busto ou uma estátua no clube. Eles encheram suas contas bancárias e é isso o que querem. Só.
Nós intimamente sabemos quando o sujeito joga. Nós olhamos para expressão dele em campo e percebemos isso, instintivamente. O que fica difícil perceber nos dias de hoje se peripécias  coreografadas são apenas para exibições em escala mundial via TV e Internet, ou são de fato gestos de esforço e habilidade para ganhar uma partida.
E em algum lugar do nosso romântico passado ainda reside um sentimento de que o jogo ainda existe. Mas o fato é que perdeu-se a irracionalidade do jogo. Falta irracionalidade no futebol! Falta sacar a diferença entre fazer uma manobra num transatlântico e num aparador de grama. Técnicos e jogadores têm que jogar a cada instante conforme o pique da bola e não conforme o horário da TV ou  a conveniência do patrocinador.